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Amor às Kuartas

Aqui fala-se de amor às quartas-feiras

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Amor às Kuartas

08
Mar17

"Amar é viver e viver é amar"

Kalila

 

 

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O que fazemos por amor? Vivemos!

Nascemos do amor dos nossos pais um pelo outro, crescemos no amor de ambos para connosco, evoluímos com o amor dos amigos, dos avós, dos tios, da restante família, dos amigos dos pais, dos pais dos amigos, de professores dedicados, de conhecidos simpáticos, de desconhecidos gentis e até de animais de estimação. Há toda uma teia de amor omnipresente à nossa volta, enquanto nós nos encarregamos de espalhar amor também. Amamos todos juntos e um a um, fraternal ou amistosamente e, da forma mais pura, os nossos irmãos, quando temos a sorte de os ter.

E cedo conhecemos outra forma de amar, ainda antes de a sentir. Vem de mansinho, familiarmente, de pezinhos de lã na TV, abeira-se de nós num contexto social e faz malabarismos connosco ainda crianças.

Os meninos ou meninas que nos encantam na infância, e a quem os mais velhos chamam “namoradinhos”, são amigos especiais, namorados a brincar mas quase com privilégios de amor a sério. Alguns tornam-se mais importantes do que toda a gente, são nossos cúmplices e nós cúmplices deles, enquanto todos brincam com a nossa relação. Descobre-se o mundo pelos olhos do outro, contam-se-lhe segredos de importância extrema, brinca-se com o amor e a perspetiva dele, sonha-se e brinca-se, fala-se e ri-se, conjugam-se todos os verbos lúdicos e imaginativos, enquanto se vai crescendo e aprendendo a amar.

Se é certo que nem todas as crianças passam por esta vivência também não é menos verdade que pela puberdade todos lá vão cair, de uma maneira geral. É vê-los apaixonados, reticentes com tudo e todos que possam estragar o romance, ansiosos de serem levados a sério e amedrontados com as sensações poderosas e incomodativas. Sentem-se quase adultos mas nem a adolescência chegou ainda e torna-se difícil lidar com eles e com o que a vida lhes vai inspirando.

Que é amor, não se duvide, que é paixão, não se subestime, mas eles são quase crianças e pré-adolescentes e o rebuliço interior incompreende-lhes os sentidos e os sentimentos. Mal damos conta já mudaram de paixão e mal se apaixonam já estão perto de dizer adeus. Não há fidelidade nem exclusividade nessas tenras idades, há turbilhões hormonais, incapacidade de lidar com o desconhecido e ignorância total sobre o que se passa consigo mesmo.

Mas tudo isso é escola e estágio do que virá a seguir. Na adolescência tudo começa a fazer sentido, de repente somos grandes, sabemos tudo, o mundo inteiro é um disparate face a todas as certezas que temos, somos magníficos, poderosos e nada nem ninguém nos consegue tirar a razão. Talvez só o amor, que costuma ser avassalador mas de pouca dura. E não somos adultos mas temos absoluta certeza de que sim, revoltamo-nos por tudo e por nada e amamos como se o mundo fosse acabar de repente.

O adolescente ama com fervor, loucura, empenhamento mas também algum desprendimento. Porque no meio de tanta certeza consigo próprio face ao mundo, aparece um contra enorme, uma fraqueza colossal, uma dúvida gritante, que é quando se apercebe, já próximo da idade adulta, de que continua a crescer, em todos os aspetos, e encontra o paradoxo de duvidar de si próprio quando só tinha certezas. Isto porque vai evoluindo, ao contrário do que previa, vai definindo a sua personalidade, que lhe parecia já estar mais do que consolidada, vai adquirindo outras certezas diferentes das anteriores e espanta-se consigo próprio porque afinal não tinha atingido ainda o fim da escala da perfeição. Tudo isto em meios familiares complicados porque a adolescência encarrega-se de espalhar discórdia, mal estar, incompreensão e outros mimos ao seu redor. Valem aos adolescentes os seus pares em idade, as suas paixões e todo o amor canalizado e forte, muito sexual, dinâmico e verdadeiramente avassalador.

Ao ficarmos adultos reatamos a paz familiar, as hormonas sossegam, o espírito acalma, hipoteticamente passamos a controlar tudo o que nos envolve mas, no que respeita ao amor, ele é que nos controla a nós. E, muito mais importante do que isso, encarrega-se também de nos descontrolar.

“Amar é viver e viver é amar” mas nunca é fácil nem livre de encargos ou problemas. Amemos, amemos muito! Vivamos, o melhor possível!  

(imagem Pixabay)

 

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